De volta para casa, sentia-me melhor, porém, aquela sensação angustiante, ainda tomava conta de mim, da minha alma. Era como se eu não soubesse para que direção seguir... E então andasse por entre becos diagonais, sem saber ao certo seu ângulo. Sentia-me presa a um passado que não me cabia mais, mas que constantemente lembranças retornavam a mente, fazendo-me lembrar detalhes de um romance sujo, parvo, sem rumo algum. O que queríamos afinal? Nos machucar? Talvez. O que sentíamos? Como reagiríamos ao ficarmos separados? "Separados" no sentido afetivo, pois proximidade física
nem sempre é afetiva. Entre tantos "nãos", resolvi então parar de remar. Resolvi estancar naquela tristeza que me fazia apenas vegetar. Sim, eu não vivia mais. Eu não sabia o que era fastar a cortina do quarto, abrir a janela e aspirar o ar puro de um belo dia. Meus dias eram monótonos, vagos. Minhas noites eram melancólicas, torturantes. Lembrava-me de você a todo instante.
Algumas vezes tinha vontade de expulsar aquele fardo pesado, aquela tristeza, aquele passado que insistia em permanecer dentro de mim; outras, sentia preguiça... Via-me acomodada a tudo aquilo. Parecia-me um vício, e na verdade, era.
Os dias passaram não tão acelerados, as horas pareciam andar para trás. Em um dos meus dias apavoradores, resolvi então te mandar um email expressando todo o ódio e um pouco do sentimento que ainda restava em mim, para aliviar a dor, e assim quem sabe, recomeçar minha vida. Mesmo machucada, tentei expressar-me de um modo em que te fizesse entender que todo aquele ódio você em poucos segundos poderia transformá-lo em amor, assim como você o fez um dia. Selecionei as melhores palavras (as mais duras e as mais suaves também), busquei na mente as melhores frases que
pudessem descrever a mágoa que eu sentia de você. Inquieta, levantei, dei uma volta, prendi o cabelo, tomei uma xícara de café, voltei, sentei, respirei fundo e te enviei.
Esperei por dias uma resposta tua...
A cada hora eu ficava mais ansiosa, como se minha vida dependesse da tua resposta. De certa forma, eu ainda tinha esperanças de que você voltaria. Mas que tola eu fui. Você sequer se deu ao trabalho de lê-lo. Embora houvesse tristeza por entre aquelas linhas, eram tristezas, mágoas provocadas por você... Eu esperei um pingo de preocupação. Naquele momento desmoronei mais uma vez, não sabia eu que aquela seria a última vez em que eu choraria por você, em que eu me importaria com qualquer palavra dita por ti. Cai então na real... Persistência não faltou.
Hoje sinto-me uma nova mulher. Uma mulher inatingível por você. Uma mulher que te deseja felicidades, mas que sabe que a minha não é você.
I will never retum!